Aberta a temporada de manifestações (2014)
O mês de janeiro de 2014 iniciou com movimentação popular, rolezinhos da juventude e luta social por reconhecimento e redistribuição. No aniversário da cidade de São Paulo (25/01) houve uma grande manifestação popular, de esquerda, que pela sua amplitude abriu a nova temporada, em grande estilo, com um recado bem claro para a burguesia, seus capachos e lacaios: HAVERÁ LUTA SOCIAL DURANTE A COPA DO MUNDO!!!
Imagem de Ivan Pacheco
Muitos meios de desinformação e de intoxicação da opinião pública, tanto de esquerda (1) como de direita (2), em seus textos cometeram uma cretina obnubilação (estado de perturbação da consciência, caracterizado por ofuscação da vista e obscurecimento do pensamento) acerca do ocorrido.
Nas estatísticas divulgadas, em relação ao número de manifestantes, há bastante divergências entre os meios de intoxicação da opinião pública. Para uns havia 500 pessoas (Veja), outros menos de 1000 pessoas (Brasil 247). Segundo a PM, cerca de 1500 pessoas compareceram. Eu estive lá e calculei, pelo menos 5000 pessoas, antes de a polícia atacar os manifestantes para dispersá-los, próximo ao Theatro Municipal. Este calculo procede, uma vez que, conforme a PM, foram mobilizados 2000 policiais na operação, assim, havia muita polícia na rua, porém havia muito mais manifestantes. Basta ver as fotografias panorâmicas tiradas que é possível perceber uma proporção maior de manifestantes do que de policiais
Nas estatísticas divulgadas, em relação ao número de manifestantes, há bastante divergências entre os meios de intoxicação da opinião pública. Para uns havia 500 pessoas (Veja), outros menos de 1000 pessoas (Brasil 247). Segundo a PM, cerca de 1500 pessoas compareceram. Eu estive lá e calculei, pelo menos 5000 pessoas, antes de a polícia atacar os manifestantes para dispersá-los, próximo ao Theatro Municipal. Este calculo procede, uma vez que, conforme a PM, foram mobilizados 2000 policiais na operação, assim, havia muita polícia na rua, porém havia muito mais manifestantes. Basta ver as fotografias panorâmicas tiradas que é possível perceber uma proporção maior de manifestantes do que de policiais
Imagem de Vanessa Nicolau
A manifestação foi linda mas, como sempre, a polícia soube manipular os meios de comunicação, jogando bomba contra os manifestantes para que reagissem e fossem iniciados os confrontos. A polícia promoveu a quebradeira de seis estabelecimentos representantes do grande capital ao atacar os manifestantes nas proximidades do Theatro Municipal de São Paulo. Eles estavam agindo, até então, pacificamente.
Até o site da Veja reconheceu esta verdade. "Antes de a multidão chegar ao Theatro Municipal, a caminhada seguia pacífica e até alguns black blocs posaram para fotos em frente à faculdade São Francisco, pendurados em estátuas com suas bandeiras pretas com o símbolo do anarquismo. Para impedir que os mascarados se juntassem ao público que visitava uma feira gastronômica em frente ao teatro, a polícia lançou bombas de efeito moral" (3).
Imagem de Ivan Pacheco
É bom lembrar a presença de P2 ("inteligência" policial) disfarçados entre os manifestantes e também destacar que partidos políticos (de direita) pagam quadros para prejudicar a imagem da manifestação através de ações que valem-se de meios violentos e promovem quebradeira de lojas, repartições públicas e ataques aos policiais. O meios de desinformação, por sua vez, contribuem para que a população elabore juízos equivocados sobre as manifestações, na medida em que focam apenas os poucos casos em que há depredação.
A mídia mostra os meios, tidos como repugnantes ( como "destruir" um fusca, por exemplo, uma mentira!) e oculta os objetivos, a demanda política dos manifestantes. Jamais uma manifestação de esquerda irá lutar contra os trabalhadores, contra os pobres, contra os desfavorecidos. Pelo contrário, lutamos contra a burguesia, contra o Estado repressor, contra os capital, contra os odiosos patrões e contra os governos e instituições que lhes representam.
Imagem de policiais disfarçados em junho de 2013 no Rio de Janeiro
De qualquer forma, a polícia agiu com muita repressão. Conforme o Governo do Estado de SP., 2000 policiais militares participaram da operação. Havia bastante polícia nas ruas por onde a manifestação passou, mas isso não evitou que meia dúzia de estabelecimentos fossem quebrados (uma loja do Mcdonalds, uma concessionária da Fiat outra da Honda, uma agência do Banco do Brasil, outra do Itaú e outra do Santander) e acidentalmente um fusca pegasse fogo.
A polícia agiu com muita violência e acabou atirando três vezes contra um manifestante, justificando o ocorrido com uma estória muito mal contada. O Governador cínico Geraldo Alckmin, além de defender o trabalho de repressão feito pela polícia (4), aceitou a estória contada pelos coxinhas sobre a tentativa de homicídio contra o manifestante. Nitidamente houve um abuso de poder contra Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça. Esse jovem é a primeira vítima grave de ataque policial contra manifestantes em 2014. Tomará que ele sobreviva, porque, senão, será um mártir da causa dos manifestantes e o caldeirão ferverá muito mais.
Os objetivos dos manifestantes variam conforme suas organizações políticas e suas percepções sobre a sociedade e a política brasileiras. Apesar de o tema da manifestação ter sido contra a Copa do Mundo, os objetivos de quem estava ali presente eram muito variados: alguns colocados em termos de direitos, de democracia, outros em termos de autogestão, em termos socialistas e comunistas. Há em comum uma demanda reprimida que está se constituindo, não sei a que passos, em vontade política, em termos de insatisfação, luta por reconhecimento e distribuição. O desafio que se coloca é a organização, cada vez maior, da juventude reunida em seus coletivos, partidos ou de modo independente. Além disso, a aliança com os trabalhadores de diversas categorias, urbanos e rurais, assim como com os movimentos sociais populares e subalternos.
Os fatos estão in flux, desafiam a interpretação dos intelectuais. Acostumados a ideologia do "brasileiro médio" caracterizado, erradamente, como "passivo", "conciliador", "alienado" estamos vendo, desde junho de 2013, outra realidade. Os jovens, principalmente, vêm ocupando as ruas através de manifestações e de atos políticos. Com ou sem organizações políticas e partidárias, eles estão se movimentando e quebrando o clima de apatia política legado por cerca de 20 anos de ditadura-autocrática-burguesa e mais 30 anos de aprofundamento da dominação imperialista ou "neoliberal", iniciada desde o governo JK (1955-1961).
Imagem de Ivan Pacheco
Estudante baleado após protestos sai do coma e outros vídeos - TV UOL
Os objetivos dos manifestantes variam conforme suas organizações políticas e suas percepções sobre a sociedade e a política brasileiras. Apesar de o tema da manifestação ter sido contra a Copa do Mundo, os objetivos de quem estava ali presente eram muito variados: alguns colocados em termos de direitos, de democracia, outros em termos de autogestão, em termos socialistas e comunistas. Há em comum uma demanda reprimida que está se constituindo, não sei a que passos, em vontade política, em termos de insatisfação, luta por reconhecimento e distribuição. O desafio que se coloca é a organização, cada vez maior, da juventude reunida em seus coletivos, partidos ou de modo independente. Além disso, a aliança com os trabalhadores de diversas categorias, urbanos e rurais, assim como com os movimentos sociais populares e subalternos.
Os fatos estão in flux, desafiam a interpretação dos intelectuais. Acostumados a ideologia do "brasileiro médio" caracterizado, erradamente, como "passivo", "conciliador", "alienado" estamos vendo, desde junho de 2013, outra realidade. Os jovens, principalmente, vêm ocupando as ruas através de manifestações e de atos políticos. Com ou sem organizações políticas e partidárias, eles estão se movimentando e quebrando o clima de apatia política legado por cerca de 20 anos de ditadura-autocrática-burguesa e mais 30 anos de aprofundamento da dominação imperialista ou "neoliberal", iniciada desde o governo JK (1955-1961).
Referências
(1)http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/128181/Movimento-naovaitercopa-re%C3%BAne-gatos-pingados.htm
(2) http://www.implicante.org/blog/para-brasil-247-fusca-incendiado-foi-alvo-de-extremistas-de-direita/
(3) http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/atos-de-vandalismo-em-ato-contra-a-copa-em-sao-paulo
(4) http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/governador-geraldo-alckmin-defende-atuacao-da-policia-militar-durante-protesto-em-sao-paulo/?cHash=6b514d8a97d27f44fc8d94f7a1680005
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