Nulidade




Ao ver essa imagem do planeta Terra, fotografada de Saturno por sondas espaciais da "NASA", logo me lembrei do 1º § de "Verdade e mentira no sentido extra moral":

"Em algum remoto rincão do universo cintilante que se derrama em um sem-número de sistemas solares, havia uma vez um astro, onde animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da história universal: mas também foi somente um minuto. Passados poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer. Assim poderia alguém inventar uma fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de novo ele tiver passado, nada terá acontecido. Pois não há para aquele intelecto nenhuma missão mais vasta que conduzisse além da vida humana (...)". F. Nietzsche 

Somos tão insignificantes! Já senti, muitas vezes, nojo, vergonha de "ser humano" (branco, ocidental, cristão...). O monoteísmo não me conforta. Não explica nada. O deus único é uma fábula para dominar a natureza, para desencantá-la e para explorá-la.

Sinto vergonha de pertencer a uma sociedade na qual a maior parte dos laços entre os indivíduos são estabelecidos através da exploração, da opressão, da humilhação, do pequeno poder, dos  lucros, da ganância em torno dos recursos disponíveis, dos excedentes do, consequente, descarte da natureza. Esquecemo-nos, entretanto: nós somos natureza!

As diferenças (de gênero, de classe social, de culturas, de gerações, de nações) e as desigualdades delas derivadas tornam alguns seres humanos completos (mais proprietários) do que outros. No fundo, porém, somos todos esqueletos constituídos de carne, de sangue,  de ossos, de linguagem, de capacidade para o trabalho, para as normas. Somos vida potencialmente inteligente. 

Apesar disso, nem todos os grupos humanos, nem todos os indivíduos fazem parte de tamanho conluio. Sobretudo as sociedades pouco diferenciadas, tragadas pelo ocidente, elas não fazem parte desse coletivo de animais estúpidos que somos nós. 

Tudo é histórico. Existimos há 230 mil anos. Da Revolução Agrícola  aos dias de hoje é o que sabemos com mais precisão, com relação às fontes históricas disponíveis. A conquista do mundo pelo ocidente ocorreu a partir do século XI. Até então, os europeus, depois do período clássico greco-romano, foram tomados pelo cristianismo. Não eram nada com seus feudos, seu cristianismo asqueroso, suas técnicas rudes de sobrevivência e produção em relação às demais "civilizações" existentes como a persa, a indiana, a asteca, a inca, mais, chinesa etc. As cruzadas, o ímpeto comercial, a ganância e a frieza em dominar outros povos foram diferenciais que permitiram ao ocidente conquistar o mundo.  

A misantropia não é um sentimento de todo equivocado! Principalmente quando dirigida aos mais "civilizados", às classes sociais dominantes, ao patronato capitalista em geral nos dias de hoje.

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