O caldeirão está fervendo. A previsão é de nova ascendência das lutas sociais no Brasil para este ano!

Depois de junho, as pessoas descobriram que juntas e organizadas são capazes de submeter o establishment autocrático, reacionário, tradicionalista, racista, machista e a racionalidade privatista do lucro à racionalidade substantiva da coletividade.

O ano mal começou e o caldeirão continua fervilhando no Brasil.

Em Campinas, os policiais mostraram sua práxis (1), colocando em ação o discurso fajuto que lhes é inculcado pela instituição contra os direitos humanos. As 14 mortes exprimem bem o modo de pensar e agir da corporação, ainda que a chacina tenha sido provocada por "alguns elementos"; trata-se de um comportamento revelador do pensamento comum ao conjunto da corporação extra-oficialmente.

Para a polícia, "se não fosse os direitos humanos", contra a classe dos trabalhadores pobres, negros, mulatos e moradores de quebradas, bastaria o tiro na nuca ou na cabeça sem chance de defesa! Execução sumária, prática que surgiu de grupos de extermínio (2), criados durante a ditadura militar, os quais eram financiados pelo comércio e pela indústria. O extermínio aleatorio ou não continua existindo como retaliação após morte de policias em São Paulo.

Quando é o PCC que mata policiais, o caso ganha muito destaque na mídia e os grupos de extermínio da polícia têm bandeira branca para reagir. Em 2006, o governo paulista do Sr. Gerraldo Alckimin optou pela retaliação(3). Os confrontos deixaram o tenebroso saldo de aproximadamente 450 civis mortos em duas semanas. Ninguém foi punido nas centenas de execuções contra pobres, negros, moradores de periferia, civis, no ano de 2006. Alguém será realmente punido pela chacina contra os pobres de Campinas? Estas famílias serão indenizadas pelo Estado?

No Brasil, a polícia mata cotidianamente, os bancos escravizam trabalhadores (4) e o capital financeiro vai bem. Embora ande meio amedrontado, porque tem sofrido danos no seu patrimônio, causados pelos Black Bloc SP, que são dignos de adjetivos positivos.

Os jovens de periferia também resistem e querem reconhecimento. Vêm ocupando shopping centers e sendo expulsos, provocando fatos políticos. Agora, receberam apoio. Os sem teto farão, amanhã, um "rolezão" em dois shoppings de São Paulo (5). Poderá haver repressão, isso vai ganhar destaque e sensibilizará mais pessoas. Anti o preconceito de classe da Rede Globo (sintetizado por Miguel Falabela contra pobres), que  vire moda as pessoas pobres irem protestar em massa nos shopping centers. Que os pobres ganhem visibilidade neste país, ganhem as ruas, bloqueiem o trânsito, parem as estradas!!!

Este ano será um ano de lutas sociais, apesar de ser um ano eleitoral e de copa do mundo. A chapa já esta esquentando e torço para que, em breve, as pessoas se sintam indignadas e mostrem para o mundo quão o Brasil é desigual e cruel com os trabalhadores, com os pobres, com os negros, com as mulheres, com os homossexuais, como os travestis, com os aposentados,  com a maioria da população,  até poucas décadas silenciada.  Mais do que isso, desejo que as pessoas oprimidas se organizem, vão para as ruas, boicotem as eleições ou votem nos partidos políticos de esquerda!

Torço também para que a Argentina vença a Copa do Mundo. Para que os trabalhadores se revoltem ainda mais!



                                                           Notas:

1) http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1397861-pms-sao-principais-suspeitos-de-chacina-em-campinas-sp.shtml
2)  Otávio Cruz-Neto e Maria Cecília de S. Minayo.Extermínio: Violentação e Banalização da Vida.
http://www.scielo.br/pdf/csp/v10s1/v10supl1a15.pdf
3) http://www.cartacapital.com.br/politica/uma-reacao-aos-achaques-2
4) http://reporterbrasil.org.br/2013/07/obra-do-santander-e-flagrada-com-trabalho-escravo
5)http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1397921-agora-sem-teto-prometem-rolezao-em-dois-shoppings-de-sp.shtml

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