Exu Tranca Copa: um fantasma político brasileiro


O cartunista Latuff  sintetiza os fatos políticos conjunturais numa charge. Para se informar politicamente, recomendo ver as charges dele (1), porque ideologicamente são norteadas por valores libertários, de igualdade politico-econômica e de emancipação das formas de dominação vigentes.  A charge abaixo é de afetar o mais profundo imaginário do establishment burguês brasileiro autocrático, que tem dois pés, um escravista e outro estamental, além de uma forma colonizada. 

Os senhores fazendeiros latifundiários tinham pavor das práticas magicas dos negros, chamadas de "macumba" pelos brancos, tanto que puniam severamente os seus escravos por essas práticas quando pegos em flagrante. Mas, os escravos resistiram bravamente até 1888, fizeram também uso do simbólico contra os seus senhores. Exu e Ogum, no Brasil, protagonizam a luta pela liberdade e, por isso, adquiriram traços de bravura e de resistência peculiares, inexistentes no arquétipo de exu nas religiões africanas. Ainda hoje é possível encontrarmos trabalhos de macumba próximos às delegacias policiais...

O Exu Tranca Copa, desenhado por Latuff, é um fantasma que apavora o capital, a burguesia nacional e internacional, o PT, a direita e a Fifa... Que tal mostrarmos nossas questões n"ao resolvidas historicamente para os gringos. Os movimentos sociais estão ansiosos para irem protestar nas ruas durante a copa! Entretanto, contra os movimentos sociais pela democratização do poder político-econômico, estão os velhos "gorilas", metamorfoseados em "coxinhas", porém ainda fardados, armados, militarizados e dispostos a exercerem seu pequeno poder, se autorizados pela burguesia. 

Creio que a ordem estará assegurada, se preciso for pelas forças armadas, como garantiu a presidente Dilma aos investidores financeiros em Davos, no último fórum dos donos do planeta, os senhores capitalistas em suas diversas facções e nacionalidades. Mas, torço para que Exu Tranca Copa suscite uma vontade política capaz de colocar de volta as grandes questões históricas não resolvidas, as velhas reformas de base (urbana, agrária, tributária, bancária), já que o PT insiste em ressuscitar apenas a face reacionária do desenvolvimentismo, destituída de sensibilidade para com a questão nacional e a luta antitimperialista. Debater as velhas reformas de base, hoje, significa pensar o socialismo, já que somente através dele essas reformas serão possíveis, como nos ensina Florestan Fernandes.

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